30/05/2025

Como nova lei de bets muda mercado e pode tirar R$ 1,6 bi de clubes

Por: Rodrigo Mattos
Fonte: Uol
O Senado aprovou o projeto de lei 2.985/23 que restringe a propaganda de
casas de apostas no futebol. Agora, depende da Câmara a votação para levar
adiante e legislação.
Essa nova lei muda o mercado de propaganda e publicidade de bets de forma
significativa ao restringir a exibição de marcas em placas publicitárias. Os clubes
alegam um prejuízo de R$ 1,6 bilhão.
Para entender, a regra estabelece que só as bets que são patrocinadoras da
competição (donos de naming rights) e dos clubes poderão ter seus nomes nos
leds em volta do campo. Isso passará a valer daqui a um ano, como prazo de
adaptação.
Foi a presença de variadas marcas de casas de apostas nesses espaços que
turbinou o ganho dos clubes com placas.
Para se ter ideia, clubes como Flamengo e Corinthians têm contratos de R$ 55
milhões com a empresa Brax. O valor se justifica pela explosão de marcas de
bets que pagam muito mais do que o mercado.
Anteriormente, o clube rubro-negro, por exemplo, ganhava R$ 12 milhões com
contrato com a Sport Promotion. Depois, vendendo por sua conta as placas do
Maracanã, saltou até R$ 40 milhões com bets variadas.
A estimativa no Flamengo é de que, com as exibições só dos donos do naming
rights e de seu patrocinador, isso caia para R$ 15 milhões. A Brax pode romper
os contratos sem multas, o que vale para o time rubro-negro e todos os outros.
Em média, bets pagam o quádruplo de outros setores.
Dentro dos clubes, há o argumento de que a lei só favorece casas de apostas,
que pagam por naming rights, sem reduzir a exposição do público à publicidade
delas.
O senador Calos Portinho (PL-RJ) entende que o mercado tinha que ter uma
regulação porque estava abusivo nas transmissões e no jogo com excesso de
marcas.
"Nocivo é a jabuticaba brasileira que admite marketing de emboscada e inunda
o torcedor e espectador de placas com mil de casas de apostas", disse o senador.
"Um dos pilares do projeto como sustentei na comissão e na CCJ é valorizar o
patrocínio (contratos maiores e longevos) e menos a publicidade (contratos
menores e passageiros). Evitar esse vale tudo para captar clientela."
Para ele, o mercado vai se ajustar no futuro e os contratos de um só
patrocinador vão se valorizar. Ele disse ser a favor de acabar de vez com a
publicidade, mas aceitou um meio-termo.
Lembrando que os clubes não lucram com o patrocínio do Brasileiro ou Copa
do Brasil, que é vendido e arrecadado pela CBF.
Outros impactos possíveis são na propaganda paga para veículos de transmissão
dos jogos. Tanto Globo quando Live Mode (Cazé TV) exibiam marcas de
apostas durante os jogos, às vezes com as ODDs de apostas, o que será vetado.
Só no intervalo e antes e depois das partidas, com horários restritos.